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Remédio para emagrecer não existe. O que existe é remédio para ajudar a tratar a obesidade. Entenda:

Medicamento para o tratamento da obesidade é um tema que gera muito debate e ainda é visto com certo preconceito pela população. Mas com informação científica de qualidade você vai estar apto para entender a importância da intervenção medicamentosa nesse tipo de tratamento. Reparou que não falamos em remédio para emagrecer? Pois é, é porque isso não existe e vamos te explicar.

Entenda o tratamento da obesidade

Para que você tenha perda de gordura corporal, é preciso que a medicação seja parte de um tratamento individualizado, que inclui orientação sobre alimentação adequada e exercício físico. 

Atualmente nos EUA, o serviço público tem alguns grupos de pesquisa com propostas de tratamento para obesidade. Eles podem incluir cirurgia, mudança de estilo de vida (alimentação, exercício físico e terapia cognitivo-comportamental) e medicamentos. 

Quando é possível aliar a mudança de estilo de vida (alimentação, exercício físico e terapia cognitivo comportamental) com medicamentos, os resultados costumam ser muito melhores. No entanto, quando analisamos pesquisas científicas que unem essas duas mudanças, os resultados não costumam ser tão significativos. Vamos à explicação!

Medicamentos podem ser coadjuvantes no tratamento da obesidade
Medicamentos podem ser coadjuvantes no tratamento da obesidade

Entenda o tratamento medicamentoso da obesidade

Esses trabalhos são produzidos pela indústria farmacêutica normalmente para comprovar que o medicamento tem efeito no tratamento da obesidade. Para um medicamento ser publicado e aceito pela comunidade científica, os trabalhos têm que ser muito grandes. Nesse caso, normalmente, as agências fiscalizadoras não deixam que os trabalhos coloquem em prática uma mudança de estilo de vida muito intensa entre os pacientes analisados por receio de que essa mudança de estilo de vida tenha um resultado significativo e atrapalhe o entendimento sobre a eficácia do remédio, induzindo um viés de confusão, em outras palavras: “o emagrecimento teria sido provocado pelo medicamento ou pela mudança do estilo de vida?”. 

Para termos uma interpretação mais realista do dia a dia, em que as pessoas dão o seu melhor para aderir ao medicamento + mudança do estilo de vida, temos um artigo publicado em 2019 pela revista da Obesity Society que reuniu 150 pacientes com obesidade e conseguiu que eles mudassem o estilo de vida por meio de orientação sobre alimentação, terapia cognitivo-comportamental e medicação, no caso, da liraglutida (análogo de GLP-1). 

Esses 150 pacientes foram avaliados durante 1 ano e divididos em 3 grupos:

  1. Pacientes faziam terapia cognitivo-comportamental;
  2. Pacientes faziam terapia cognitivo-comportamental + medicação;
  3. Pacientes faziam terapia cognitivo-comportamental + medicação + substituto de refeições. Ou seja, eles recebiam refeições em casa que tinham 1200 calorias por dia.

Importante nesse ponto falarmos sobre a terapia cognitivo-comportamental. Esse é um tipo de terapia focada no tratamento da obesidade, com data para começar e também para terminar, para que o paciente entenda o que faz com que ele coma de forma pior. Do 1° ao 2° mês, era feita uma reunião por semana. Do 2º ou 6º mês, eram feitas reuniões a cada 15 dias, e do 7º ao 12º mês, era feita uma reunião uma vez por mês.   

Ao final de 1 ano de estudo, vamos aos resultados:

  • O grupo que fez a terapia cognitivo-comportamental apresentou 44% de participantes com perda superior a 5% do peso;
  • O grupo que fez a terapia cognitivo-comportamental associada à medicação teve 70% dos participantes com perda superior a 5% do peso;
  • O grupo que fez a terapia cognitivo-comportamental associada à medicação e ao substituto de refeição com 1 mil a 1200 calorias por dia, conseguiu 74% dos pacientes com perda superior a 5% do peso.

Análise dos resultados

Por que o estudo fala em 5% de perda de peso? Porque essa porcentagem é, comprovadamente, suficiente para melhorar a glicemia, a pressão arterial e até a depressão, ou seja, a saúde mental. Importante ressaltar que 5% não é visto como uma meta final. 

Inclusive, o grupo que fez a terapia cognitivo-comportamental conseguiu uma perda de 6,1% ao final de 1 ano. Já o grupo que fez a terapia cognitivo-comportamental associada à liraglutida teve uma perda de 11,5% ao final desse período, enquanto o que fez a terapia cognitivo-comportamental associada à liraglutida e ao substituto de refeição com 1 mil a 1200 calorias por dia perdeu 11,8%. 

A grande diferença de um grupo para o outro é a entrada do medicamento (liraglutida). Todos os grupos receberam o mesmo tipo de informação sobre o que comer, o tipo de exercício a  ser feito e como tomar a melhor decisão. 

A obesidade, porém, é uma doença crônica séria que faz com que o paciente não tenha poder de decisão porque ele tem uma grande compulsão alimentar ou uma saciedade muito pequena. Às vezes, ele até se esforça, mas não consegue um bom resultado. O paciente come pouco, mas o resultado dele é pior.

Portanto, o medicamento é, muitas vezes, como uma ferramenta de empoderamento para o paciente. Ela ajuda o paciente a ter poder de decisão. Mas, se ele usar esse poder de decisão para comer mal e/ou não praticar exercício físico, ele não terá resultado apenas com o medicamento. Não se trata de colocar o medicamento versus o exercício ou o medicamento versus alimentação, os 3 precisam estar alinhados: alimentação, exercício e medicamento. 

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