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RED-S em atletas: Entendendo a Síndrome de Deficiência de Energia Relativa no Esporte

No contexto do esporte e da medicina esportiva, a saúde do atleta vai muito além da performance visível em competições. Cada vez mais, profissionais da área se preocupam em identificar condições que podem comprometer o rendimento, a recuperação e até a saúde a longo prazo. Uma dessas condições é a Síndrome de Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S, do inglês Relative Energy Deficiency in Sport). Este artigo explora o conceito, diagnóstico, consequências e estratégias de manejo dessa síndrome, oferecendo uma visão detalhada para profissionais de saúde, treinadores e atletas.

Artigos referência: Relative energy deficiency in sport (RED – S) – PubMed
IOC consensus statement on relative energy deficiency in sport (RED-S): 2018 update – PubMed

O que é RED-S?

A RED-S é uma condição multifacetada que surge quando há um desequilíbrio entre a energia consumida e a energia gasta pelo atleta durante atividades físicas. Em termos simples, trata-se de uma deficiência de energia relativa, ou seja, os atletas não ingerem calorias suficientes para suprir suas demandas metabólicas e esportivas.

Originalmente, a condição foi descrita principalmente em mulheres como a “tríade feminina do esporte” (distúrbios menstruais, baixa densidade óssea e alterações nutricionais). No entanto, hoje reconhece-se que a RED-S afeta homens e mulheres, influenciando não apenas o desempenho atlético, mas também múltiplos sistemas fisiológicos, incluindo metabolismo, função cardiovascular, imunidade, saúde óssea e função hormonal.

Como Identificar a RED-S?

Detectar a RED-S é um desafio, dado que seus sintomas são variados e muitas vezes sutis. Para isso, profissionais de saúde e treinadores podem utilizar uma combinação de ferramentas laboratoriais, avaliações clínicas e monitoramento contextual.

1. Avaliação do Balanço Energético

Uma das abordagens mais utilizadas é o cálculo do balanço energético do atleta. Ele considera o total de calorias consumidas versus as calorias gastas durante o treinamento. Esse valor é então ajustado de acordo com a massa livre de gordura (lean body mass). Estudos sugerem que um balanço energético menor que 30 kcal/kg de massa magra/dia indica risco elevado de RED-S.

Essa avaliação permite uma visão objetiva da ingestão calórica e do gasto energético, identificando possíveis déficits nutricionais que podem comprometer a saúde e o desempenho.

2. Relação entre Testosterona e Cortisol

Outra ferramenta útil é a análise hormonal, especialmente a relação entre testosterona e cortisol. Níveis baixos de testosterona combinados com níveis elevados de cortisol estão associados a risco aumentado de RED-S.

No entanto, é importante destacar que esses hormônios apresentam variações pulsáteis ao longo do dia e podem ser influenciados por fatores temporários, como estresse ou sono. Por isso, uma única medida isolada não é suficiente para diagnóstico; a avaliação deve ser contínua e contextualizada.

3. Avaliação Clínica e Contextual

Além de dados laboratoriais, a avaliação clínica é essencial. O profissional deve considerar o histórico de treinamento, padrão alimentar, objetivos competitivos e sinais clínicos, como:

  • Fadiga excessiva
  • Lesões frequentes
  • Alterações de humor
  • Distúrbios menstruais em mulheres
  • Diminuição da libido em homens

Mudanças no desempenho, no padrão de treino ou na ingestão alimentar também podem sinalizar a necessidade de investigação para RED-S.

RED-S e Desempenho Atlântico: O Impacto na Saúde do Atleta

A deficiência de energia relativa não afeta apenas a saúde física, mas tem consequências diretas no desempenho atlético. Entre os principais impactos estão:

  • Diminuição da força e resistência
  • Redução da recuperação pós-treino
  • Maior risco de lesões musculoesqueléticas
  • Alterações hormonais que afetam metabolismo e regeneração
  • Comprometimento da densidade óssea, aumentando o risco de fraturas

Esses efeitos podem ser progressivos e se intensificam à medida que o déficit energético se prolonga, tornando o monitoramento contínuo fundamental para atletas de alto rendimento.

Abordando a Deficiência de Energia Relativa: Estratégias de Manejo

O tratamento e a prevenção da RED-S exigem uma abordagem multidisciplinar, envolvendo médicos, nutricionistas, psicólogos e treinadores. Algumas estratégias eficazes incluem:

1. Ajustes no Treinamento

Reduzir temporariamente volume e intensidade de exercícios permite ao corpo recuperar-se e evitar sobrecarga metabólica. A periodização do treino deve ser planejada para equilibrar desempenho e saúde.

2. Otimização da Alimentação

Uma dieta balanceada, personalizada de acordo com necessidades calóricas, proteicas, vitamínicas e minerais, é crucial. O objetivo é restaurar o equilíbrio energético, garantindo que o corpo tenha combustível suficiente para treinar, competir e recuperar-se adequadamente.

3. Suplementação Nutricional

Em alguns casos, suplementos específicos podem ser utilizados para complementar a alimentação, especialmente quando o déficit energético não pode ser corrigido apenas com a dieta. Suplementos de vitamina D, cálcio, ferro e proteínas podem ser indicados conforme a avaliação individual.

4. Monitoramento Regular

O acompanhamento contínuo permite ajustes dinâmicos no plano alimentar e de treinamento, prevenindo a recorrência da RED-S e identificando sinais precoces de déficit energético.

RED-S em atletas: é uma condição complexa
RED-S em atletas: é uma condição complexa que necessita de atenção

A Importância da Abordagem Holística: RED-S em atletas

O manejo eficaz da RED-S vai além do físico, incluindo aspectos emocionais e psicológicos. O estresse, a ansiedade e a pressão por resultados podem contribuir para hábitos alimentares inadequados e padrões de treinamento excessivos. Assim, programas integrados de saúde mental e suporte psicológico são componentes essenciais para a prevenção e tratamento da síndrome.

Adotar essa perspectiva holística ajuda o atleta a atingir seu potencial máximo de forma segura e sustentável, equilibrando saúde e performance.

Conclusão: Compreendendo RED-S em atletas

A Síndrome de Deficiência de Energia Relativa no Esporte (RED-S) é uma condição complexa que afeta atletas de diferentes modalidades e níveis competitivos. Seu impacto vai além do desempenho esportivo, atingindo múltiplos sistemas fisiológicos e emocionais. O diagnóstico precoce, a intervenção nutricional adequada, ajustes de treino e o suporte psicológico são estratégias fundamentais para prevenir complicações e otimizar o rendimento.

Profissionais da medicina esportiva devem estar atentos aos sinais de RED-S, aplicando uma abordagem multidisciplinar e personalizada. Ao integrar ciência, nutrição, treinamento e psicologia, é possível proteger a saúde do atleta e promover performance de excelência.

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