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Quando Considerar a Investigação de Doença Celíaca em Pacientes?

Nem todo paciente que sente desconforto com o consumo de glúten tem doença celíaca, assim como não são todos os que se beneficiam da exclusão do glúten da dieta. Então, quando devemos pensar em investigar doença celíaca nos pacientes? A resposta a essa pergunta é fundamental para uma abordagem clínica eficaz e baseada em evidências. Neste artigo, exploraremos as diretrizes mais recentes da Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN), publicadas em 2020, para ajudar médicos e profissionais de saúde a identificar os pacientes que realmente precisam de investigação para doença.

Diretrizes da ESPGHAN para Rastreamento Inicial

Artigo: European Society for the Study of Coeliac Disease (ESsCD) guideline for coeliac disease and other gluten‐related disorders – Al-Toma – 2019 – United European Gastroenterology Journal – Wiley Online Library

A ESPGHAN recomenda um conjunto específico de exames para o rastreamento inicial da doença celíaca. A dosagem de anticorpos IgA total e transglutaminase 2 (TGA-IgA) são os principais marcadores sugeridos. A presença de TGA-IgA elevados, em mais de 10 vezes o limite superior do normal, pode dispensar a necessidade de uma biópsia de duodeno para fechar o diagnóstico. Esta abordagem reduz a invasividade do processo diagnóstico, tornando-o mais acessível e menos desconfortável para os pacientes.

A Importância da Dosagem de Anticorpos IgA Total e TGA-IgA

A dosagem de anticorpos IgA total e TGA-IgA é crucial no rastreamento inicial. O anticorpo TGA-IgA é altamente específico e sensível para a doença celíaca, o que significa que níveis elevados são fortes indicativos da doença. Além disso, medir o IgA total é importante para excluir deficiência de IgA, uma condição que pode resultar em falsos negativos nos testes de TGA-IgA.

Sintomas Indicativos de Doença Celíaca

Identificar os sintomas corretos é essencial para decidir quando investigar a doença. Pacientes que apresentam diarreias crônicas, dor abdominal e distensão, sem outras causas evidentes, podem estar manifestando sintomas clássicos da doença celíaca. No entanto, é importante lembrar que a doença celíaca pode se manifestar de várias formas, incluindo sintomas extra-intestinais.

Manifestações Intestinais

Os sintomas gastrointestinais são os mais conhecidos e incluem diarreia, dor abdominal, distensão e perda de peso. Em alguns casos, pode ocorrer constipação. Estes sintomas resultam da inflamação e dano ao intestino delgado, prejudicando a absorção de nutrientes.

Manifestações Extra-Intestinais

A doença celíaca pode também se apresentar com sintomas extra-intestinais, como anemia, fadiga, dores articulares, erupções cutâneas (dermatite herpetiforme), e até problemas neurológicos como dor de cabeça e neuropatia periférica. Reconhecer essas manifestações é crucial, pois podem ser os únicos sinais da doença em alguns pacientes.

Fatores de Risco para Doença Celíaca

A presença de certas condições e antecedentes familiares aumenta a probabilidade de doença. Por exemplo, a coexistência de outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 e tireoidite de Hashimoto, é um fator importante a considerar. Além disso, parentes de primeiro grau de indivíduos com doença celíaca têm um risco aumentado e, portanto, devem ser investigados.

História Familiar de Doença Celíaca

Ter um parente de primeiro grau com doença celíaca é um fator de risco significativo. Estudos mostram que até 10% dos parentes de primeiro grau de indivíduos com doença celíaca podem também ter a doença, mesmo que assintomáticos. Assim, a triagem desses indivíduos é recomendada para identificar casos não diagnosticados e prevenir complicações.

É importante investigar doença celíaca nos pacientes
É importante investigar doença celíaca nos pacientes

Considerações Finais e Orientações Atuais

As orientações atuais da ESPGHAN, embora semelhantes às anteriores, reforçam a importância de uma abordagem abrangente. Observação cuidadosa de sinais e sintomas intestinais e extra-intestinais, junto com o uso apropriado de testes laboratoriais, é essencial para o diagnóstico precoce e manejo adequado da doença celíaca.

Abordagem Compreensiva

Uma abordagem cuidadosa e meticulosa ao avaliar sintomas e fatores de risco pode ajudar a evitar diagnósticos equivocados e garantir que os pacientes recebam o tratamento necessário. A exclusão de glúten da dieta é um compromisso significativo e deve ser reservado para aqueles com diagnósticos claros, para evitar complicações nutricionais e psicológicas desnecessárias.

Conclusão

A investigação da doença deve ser considerada em pacientes com sintomas gastrointestinais crônicos, manifestações extra-intestinais, ou com fatores de risco significativos como outras doenças autoimunes ou história familiar positiva. Seguir as diretrizes da ESPGHAN pode melhorar a precisão diagnóstica e o manejo da doença, proporcionando uma melhor qualidade de vida para os pacientes.

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