É comum o questionamento sobre o melhor horário para a prática de exercício físico. Mas será que realmente existe um momento do dia em que seu corpo responde melhor aos estímulos? Ou será que cada pessoa tem seu “melhor momento do dia” para se exercitar?
Entenda o melhor horário para fazer exercício físico
Quando analisamos os atletas, a maior parte dos recordes olímpicos acontece à tarde. Existem algumas explicações para que isso aconteça. Uma delas é que nossa temperatura corporal começa a ficar mais elevada a partir das 17h. Muitos trabalhos mostram que mecanismos moleculares conseguem utilizar melhor a energia no período da tarde.
Artigo: The effect of training at a specific time of day: a review – PubMed (nih.gov)
Artigo avaliou quando os pacientes tinham melhor performance na musculação. Foram analisadas pessoas que se exercitavam pela manhã e outras que faziam atividade física à tarde. A resposta foi que não houve diferença entre as performances.
A grande informação é que quando as pessoas faziam exercício uma vez só pela manhã, a força era menor. Mas se ela começasse a treinar todo dia de manhã, a força melhorava. Já as pessoas que treinavam à tarde tiveram um aumento da força mesmo com apenas um treino, mas que não chegou a ser significativo.
Daí podemos concluir que se você é um atleta profissional, a melhor hora para treinar é na hora que você vai competir. Já se você não é atleta, a melhor hora para fazer musculação é na hora que for possível. Não entenderam? Explicamos: treinar quando é possível é o que vai fazer você ter uma melhor resposta a médio e longo prazos. A maior parte das pessoas, porém, tem maior força a partir das 17h, como falamos anteriormente.
Qual a melhor hora do dia para termos maior gasto de gordura realizando exercício aeróbico?
Artigo: Physiological and Molecular Dissection of Daily Variance in Exercise Capacity – PubMed (nih.gov)
E a melhor hora do dia para termos maior gasto de gordura realizando exercício aeróbico? Com certeza essa é uma pergunta que interessa muita gente. Trabalho de 2019 publicado na revista The Cell Metabolism analisou trabalhos experimentais (realizados em ratinhos) e trabalhos clínicos (realizados em humanos) e comparou o mesmo exercício aeróbico: corrida de baixa intensidade com 50% de VO2 máximo. O objetivo era avaliar se haviam desfechos diferentes.
Foram comparados exercícios realizados às 8h e às 18h. O que foi observado é que o exercício realizado às 8h tinha maior consumo de oxigênio e aumento da frequência cardíaca, mas diminuía o coeficiente respiratório. E, quanto menor o coeficiente respiratório, mais gordura você está gastando. Ao contrário, se o coeficiente respiratório estiver maior é porque você está gastando mais glicose e glicogênio.
Assim, vemos que o trabalho mostrou que o exercício realizado às 8h levava a um maior gasto de gordura. Já quando era realizado à tarde, o paciente tinha mais força e maior temperatura corporal.
Foi identificada uma enzima chamada ZMP que é estimulada de forma diferente ao longo do dia de acordo com o exercício que está sendo feito. Ela é responsável por levar ao aumento de outra enzima, aMPK. Essa enzima faz, entre outras coisas, com que nosso organismo oxide mais gordura.
Para estimular as enzimas ZMP e aMPK, porém, não basta apenas fazer exercício. Se você treinar pela manhã em jejum, consegue estimular mais essa enzima. Mas, atenção, isso não significa que você possa sair treinando em jejum sem acompanhamento de um profissional de saúde de confiança. Estamos apenas relatando que estudos comprovaram que exercício aeróbico pela manhã em jejum pode ser mais útil.
Juntando os dois trabalhos citados aqui, a grande informação que fica é que o mais importante é que você faça exercício. Não há ainda uma comprovação de que pela manhã é muito melhor do que à tarde, nem para musculação e nem para aeróbico. O que sabemos é que temos mecanismos moleculares que explicam quando você acha que treina melhor de manhã do que à tarde ou ao contrário.
Conclusões
O importante para o profissional de saúde é que ele ouça com atenção sobre o dia a dia do seu paciente. É preciso informação de qualidade, avaliar a carga interna de exercício a que o paciente está sendo submetido (ou seja: não podemos avaliar apenas a distância percorrida e o tempo gasto, mas principalmente o impacto dessa atividade no seu organismo) e de onde está vindo a energia gasta (gordura ou músculo).
Avaliando o conjunto de informações, associado à alimentação e à análise da rotina do paciente, é que podemos construir um bom resultado juntos.
Se você é médico e quer saber mais sobre suplementação e exercício, clique nesse link e conheça nossos Cursos: FSNEx – Fisiologia e Suplementação em Nutrologia do Exercício – Nutrology Academy