Entenda o falso magro.
O IMC (Índice de Massa Corporal), calculado através da divisão do peso pela altura ao quadrado, é um padrão internacional usado para avaliar como estão em relação ao seu peso, podendo estar abaixo, normal ou acima (sobrepeso e obesidade). Isso não é novidade, certo? De acordo com esse método, a obesidade é definida quando a pessoa tem um IMC acima de 30. Mas é mais comum do que se imagina pacientes chegarem ao consultório e se espantarem com o diagnóstico de obesidade mesmo estando com um peso normal. Como isso é possível? Vamos explicar!
A obesidade não é mais diagnosticada apenas pelo IMC alto, ela é definida como uma doença quando o paciente tem excesso de gordura corporal. Quando estamos falando sobre um paciente com peso normal, mas com obesidade, significa que ele tem excesso de gordura, mas, principalmente, ele tem uma deficiência em alguma outra parte do organismo. Isso porque o cálculo do IMC leva sim em consideração o peso da gordura, mas também o peso do osso, da água e da massa muscular. E a principal, e mais comum, característica dos pacientes com peso normal e percentual de gordura alto é a deficiência da quantidade de massa muscular.
Quando o IMC está aumentado, na maior parte dos casos, significa que o paciente tem excesso de gordura. Mas a sensibilidade desse exame para avaliar a gordura do paciente chega, em alguns casos, a apenas 50%. Isso significa que ela não é tão boa porque pode apontar que uma pessoa não tem excesso de gordura quando, na verdade, ela tem.
E qual o problema desse diagnóstico? O problema é que a pessoa com excesso de gordura – e com a musculatura baixa – é uma pessoa mais inflamada. O nível alto de inflamação a coloca em risco para doenças cardiovasculares, aumenta o nível de insulina circulante (que, por sua vez, também aumenta a chance de hipertensão e AVC), e, principalmente, há uma piora da cognição. Ou seja, o paciente também corre um risco maior de desenvolver doenças ligadas ao sistema nervoso central.
E quais são os grupos de risco para esse perfil?
Os estudos apontaram que mulheres acima de 65 anos, a prevalência é quase 100% das mulheres de peso normal apresentam um percentual de gordura acima de 32%. É claro que existem exceções. Mas aqui estamos alertando que é um nível muito alto observado em consultórios.
Entre 45 anos e 65 anos, os trabalhos mostram que a prevalência chega a 2/3 das mulheres, enquanto de 18 anos a 25 anos, a prevalência é muito baixa, girando em torno de 2% de mulheres com obesidade, mas com peso normal.
O que queremos ensinar com tudo isso: ter um peso normal não é sinônimo de boa saúde. É, sim, um fator importante (ter um peso normal), mas é preciso buscar mais informações sobre esse organismo.
Como identificar um falso magro?
Reforça-se então que é importante que a pessoa precisa fugir do sedentarismo, já que vai ajudá-la a ter uma boa massa magra e a diminuir a inflamação. É preciso também ter uma boa alimentação rica em vegetais e proteínas, mas, acima de tudo, é necessário avançar a discussão além do peso. O profissional de saúde precisa investigar a composição corporal desse paciente, obtendo assim ferramentas que individualizem o tratamento.
Daí o grande número de estudos recentes – e o uso cada vez mais comum em consultórios – da bioimpedância. O aparelho que parece uma balança é na verdade muito mais preciso, que usa corrente elétrica para definição da composição corporal.
Existem outros estudos que usam DEXA (densitrometria) e Tomografia para avaliação da composição corporal. Porém, mais importante do que a composição corporal em si, é como aplicar no dia a dia para o seu paciente.
Se você está na dúvida se é uma dessas pessoas com peso normal, mas percentual de gordura alto, saiba que a definição ideal hoje, segundo o The American College of Sports Medicine, é:
- para homens, limite superior de normalidade é de no máximo 22% de gordura,
- para mulheres, limite superior de normalidade é de no máximo 32% de gordura.
Lembre-se sempre que, além de informação de qualidade, você precisa de um profissional de saúde de confiança antes de começar o tratamento.
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