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Obesidade Visceral e Risco Cardiovascular

A obesidade visceral tem ganhado destaque nas discussões sobre risco cardiovascular, especialmente em publicações de grandes sociedades médicas. Um exemplo relevante é a revisão publicada no Journal of the American College of Cardiology (JACC), intitulada “Management of Obesity in Cardiovascular Practice”. Esse artigo destaca a importância de uma abordagem clínica e terapêutica personalizada, considerando a heterogeneidade da obesidade e seus impactos na saúde cardiovascular.

Artigo: Management of Obesity in Cardiovascular Practice: JACC Focus Seminar | Journal of the American College of Cardiology

A Abordagem Personalizada no Tratamento da Obesidade

O artigo reforça a necessidade de individualizar o manejo da obesidade, uma vez que nem todos os pacientes apresentam os mesmos riscos ou características metabólicas. Os autores destacam dois subgrupos principais de pacientes:

  1. Pacientes com sobrepeso ou obesidade moderada e excesso de tecido adiposo visceral
    Esse grupo é caracterizado por um acúmulo de gordura abdominal, mesmo sem obesidade grave, que está fortemente associado ao aumento do risco cardiovascular.
  2. Pacientes com obesidade grave e condições de saúde adicionais
    Indivíduos com obesidade grave frequentemente apresentam comorbidades, como hipertensão, diabetes tipo 2 e dislipidemia, que aumentam ainda mais o risco de eventos cardiovasculares.

Para esses subgrupos, as intervenções no estilo de vida desempenham papel crucial. Reduzir a circunferência abdominal, mesmo sem uma perda significativa de peso total, já traz benefícios mensuráveis para o risco cardiovascular.

Por Que o Índice de Massa Corporal (IMC) Não é Suficiente?

Embora amplamente utilizado, o IMC não fornece uma visão completa sobre a composição corporal. Ele não distingue entre massa muscular, gordura subcutânea e gordura visceral, esta última sendo a mais perigosa do ponto de vista cardiovascular. Assim, o artigo enfatiza a importância de avaliar outros parâmetros, como:

  • Circunferência abdominal: Indicador direto de gordura visceral. Estudos mostram que uma cintura elevada está associada a maior risco de doenças cardiovasculares, independentemente do IMC.
  • Relação cintura-quadril: Uma métrica complementar para avaliar a distribuição de gordura corporal.
  • Triglicerídeos e marcadores metabólicos: Níveis elevados de triglicerídeos são frequentemente observados em pacientes com obesidade visceral e estão associados a maior risco de aterosclerose e doenças cardíacas.

O Papel da Circunferência Abdominal no Risco Cardiovascular

A medição da circunferência abdominal é um procedimento simples e eficiente, que deveria ser incorporado rotineiramente na prática clínica. De acordo com o estudo, uma circunferência abdominal elevada é um sinal de alerta em qualquer faixa de IMC. Quando associada a níveis elevados de triglicerídeos, o risco cardiovascular aumenta de forma significativa.

Esse tipo de obesidade central está relacionado a um perfil metabólico adverso, que inclui:

  • Resistência à insulina
  • Inflamação crônica de baixo grau
  • Dislipidemia aterogênica
  • Hipertensão arterial

Esses fatores, em conjunto, potencializam o risco de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).

circunferência da cintura elevada estar associada a riscos à saúde
Circunferência da cintura elevada pode estar associada a riscos à saúde
em qualquer nível do índice de massa corporal

Intervenções no Estilo de Vida: O Que Realmente Funciona?

O artigo do JACC reforça que mudanças no estilo de vida são a base para o manejo da obesidade visceral. Estratégias efetivas incluem:

  1. Dieta balanceada:
    Reduzir o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares e gorduras trans, e priorizar uma alimentação rica em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis.
  2. Exercício físico regular:
    Atividades aeróbicas, como caminhada, corrida ou ciclismo, são particularmente eficazes na redução da gordura visceral. Treinamento de força também pode complementar o controle do peso e melhorar o metabolismo.
  3. Controle do estresse e qualidade do sono:
    O estresse crônico e o sono inadequado estão associados ao aumento da gordura abdominal e a um pior controle metabólico.
  4. Monitoramento contínuo:
    Acompanhamento médico regular para avaliar a circunferência abdominal, os níveis de triglicerídeos e outros marcadores de risco cardiovascular.

Conclusão: Obesidade Visceral Como Alerta para o Coração

A obesidade visceral não deve ser subestimada na prática clínica. Sua associação com o risco cardiovascular é bem documentada e exige uma abordagem personalizada, que vá além do simples cálculo do IMC. Medidas como a redução da circunferência abdominal e a adoção de um estilo de vida saudável são fundamentais para diminuir as complicações cardiovasculares.

Assim, é imprescindível que profissionais de saúde incorporem a avaliação da gordura visceral e intervenham de forma precoce e eficaz, promovendo não apenas a longevidade, mas também uma melhor qualidade de vida para seus pacientes.

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