A celulite, conhecida cientificamente como Lipodistrofia Ginoide, é uma condição estética que afeta a maioria das mulheres em algum momento da vida, sendo motivo comum de insatisfação e procura por atendimento médico. No entanto, apesar da alta prevalência, essa queixa ainda é subvalorizada por muitos profissionais da saúde.
Neste artigo, abordamos os principais aspectos clínicos da celulite, desde sua fisiopatologia até condutas terapêuticas baseadas em evidências, com foco em uma visão integrativa e atualizada, para responder a pergunta: o que causa celulite?
Artigo: Cosmeceuticals for cellulite – PubMed
O que causa celulite e o que ela é?
A Lipodistrofia Ginoide é caracterizada pela aparência irregular da pele, com ondulações que lembram a superfície de uma casca de laranja, geralmente localizadas em regiões como coxas, glúteos e abdômen.
Essa condição resulta de alterações no tecido adiposo subcutâneo, acompanhadas por comprometimento da microcirculação local e inflamação crônica de baixo grau. Fatores genéticos, hormonais, metabólicos e comportamentais estão frequentemente envolvidos.
Fatores de risco para o desenvolvimento da celulite
A celulite é uma patologia multifatorial, sendo essencial que o médico adote uma abordagem ampla durante a anamnese. Entre os principais fatores de risco, destacam-se:
- Alimentação desequilibrada, rica em açúcares e carboidratos simples
- Sedentarismo e má circulação
- Alterações hormonais, especialmente relacionadas ao uso de anticoncepcionais orais
- Disbiose intestinal e inflamação sistêmica
- Predisposição genética
Cada um desses fatores deve ser cuidadosamente investigado e, sempre que possível, manejado com intervenções específicas.
A importância da anamnese detalhada
Uma avaliação clínica minuciosa é o primeiro passo para um tratamento eficaz da celulite. A anamnese deve incluir:
- Histórico alimentar: investigar consumo de ultraprocessados, açúcar e álcool
- Rotina de atividade física: frequência, intensidade e tipo de exercício
- Avaliação hormonal: presença de sinais de desequilíbrio estrogênico ou resistência insulínica
- Avaliação intestinal: sintomas de constipação, distensão abdominal e padrão de evacuação
Essas informações orientam condutas personalizadas e aumentam significativamente a chance de sucesso terapêutico.
Estratégias clínicas para o tratamento da celulite
Embora não exista cura definitiva, é possível alcançar melhora significativa da celulite com estratégias combinadas. A seguir, listamos as principais condutas baseadas em evidências:
1. Modificações dietéticas
Recomenda-se a redução de carboidratos simples e açúcares, bem como o aumento do consumo de fibras, vegetais e alimentos com ação anti-inflamatória. A alimentação deve favorecer o equilíbrio hormonal e a saúde intestinal.
2. Estímulo à prática de atividade física
A atividade física regular melhora a circulação sanguínea e linfática, além de reduzir a gordura corporal e modular hormônios envolvidos na gênese da celulite. Treinos de resistência e aeróbicos são igualmente importantes.
3. Ajustes hormonais
Mulheres que fazem uso de anticoncepcionais orais combinados podem apresentar piora do quadro de celulite, devido ao estímulo estrogênico sobre os tecidos adiposos. A troca por métodos não hormonais ou com menor impacto estrogênico pode ser benéfica, desde que avaliada de forma individualizada.
4. Correção de queixas intestinais
Sintomas como constipação e distensão abdominal podem indicar disbiose intestinal, que contribui para a inflamação crônica. O uso de probióticos, prebióticos e mudanças alimentares é essencial neste contexto.
Suplementos com potencial terapêutico
Diversos suplementos nutricionais têm sido estudados como adjuvantes no tratamento da celulite. Alguns dos mais utilizados incluem:
- Colágeno hidrolisado tipo I e III: pode melhorar a elasticidade da pele
- Antioxidantes como vitamina C, E e zinco: reduzem o estresse oxidativo
- Bioflavonoides e extratos vegetais: como a centella asiática e a castanha-da-índia, com ação venotônica
- Ácidos graxos essenciais (como o ômega-3): com efeito anti-inflamatório
A prescrição deve ser individualizada, respeitando a necessidade de cada paciente e com base em evidências científicas.
Procedimentos estéticos como aliados no tratamento
O uso de tecnologias estéticas é um excelente complemento às estratégias clínicas. Os procedimentos mais utilizados incluem:
- Drenagem linfática manual: auxilia na redução do edema
- Radiofrequência: melhora a firmeza da pele e estimula colágeno
- Carboxiterapia: aumenta a oxigenação local e melhora a circulação
- Laser de baixa intensidade e ultrassom: ajudam na quebra de gordura localizada
A escolha da técnica deve considerar o grau da celulite e a resposta individual.
Considerações finais: O que Causa Celulite?
A celulite deve ser abordada como uma condição clínica complexa, e não apenas uma queixa estética. O sucesso terapêutico reside na associação de estratégias clínicas, nutricionais e estéticas, com uma visão integrativa da saúde da mulher.
Para o médico que deseja oferecer um tratamento eficaz, o primeiro passo é valorizar a queixa e compreender sua natureza multifatorial. A partir daí, um plano terapêutico bem estruturado pode não apenas melhorar a celulite, mas também contribuir para o bem-estar global da paciente.
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