Você sabia que pode estar tendo um comportamento sedentário mesmo praticando exercício todos os dias? Pois é, quando falamos sobre saúde precisamos estar atentos a vários fatores que influenciam nosso organismo.
Sedentário X Fisicamente ativo
Um artigo de revisão publicado na conceituada revista Nature explica a diferença entre ser fisicamente ativo e ter um comportamento sedentário. Atenção porque esse tema pode surpreender muita gente!
Ser fisicamente ativo é quando você faz 150 minutos de atividade moderada a vigorosa por semana. Já o comportamento sedentário tem relação com o tempo que você passa sentado.
O artigo mostra, por exemplo, que quem faz menos de 30 minutos de exercício físico por dia, mas tem mais de 4 horas de comportamento sedentário por dia tem risco médio de morte. Ou seja, o risco aumenta mesmo em pessoas que não são classificadas como sedentárias.
Para entender por que isso acontece, vale lembrar que essa discussão sobre tempo de exercício físico por semana e nível de esforço por dia começou a ser estudada quando surgiram os acelerômetros. Acelerômetros são os dispositivos que existem dentro dos smartwatches e celulares e conseguem saber o momento exato em que você está deitado, caminhando, sentado ou se movimentando.
Esses estudos mostraram que pessoas que se exercitavam até mais do que 150 minutos por semana, mas se ficassem muito tempo sentadas, esse comportamento levava a um maior risco de mortalidade, diabetes, infarto e AVC.
As pessoas avaliadas no estudo tinham uma rotina em média dividida entre: 6 horas de sono e 8 horas sentadas, pelo menos. Nesses casos, o risco de mortalidade aumenta. Mas como isso é possível?
Riscos do sedentarismo
Quando ficamos sentados, diminuímos o óxido nítrico e aumentamos a endotelina. Isso sugere que há um aumento da pressão arterial e da pressão sobre os vasos sanguíneos.
Ao analisarmos a diabetes, precisamos lembrar que o fato de o paciente estar sentado leva a um menor esforço muscular que, por sua vez, diminui a expressão de uma enzima que é capaz de colocar a glicose dentro do músculo (GLUT-4). Quando juntamos os diversos fatores – maior pressão arterial, maior rigidez nos vasos sanguíneos e menor absorção de glicose no músculo – temos um risco maior de o paciente sofrer um AVC.
Nesse sentido, os estudos são categóricos. Não adianta apenas o paciente praticar exercício físico. Ele precisa ter um comportamento ativo. Existem algumas formas de se fugir desse comportamento sedentário, como ler em pé, por exemplo.
Um trabalho com 3 mil homens e mulheres mostrou que a cada 30 minutos, se você fizer uma atividade física leve, como ler em pé, pode diminuir em 36% a chance de mortalidade por todas as causas. Por outro lado, a cada hora que você passa sentado ou deitado, aumenta em 33% o risco de mortalidade.
Importância do exercício
Qual é a grande informação que podemos tirar sobre exercício, após essa explicação? Precisamos praticar exercício e ele precisa ser programado e progressivo. Não adianta sair do sedentarismo total para a prática na academia. O exercício precisa ser individualizado e orientado por um profissional de educação física capacitado. Ao mesmo tempo, não adianta começar a se exercitar com supervisão e passar o resto do dia sentado.
Existe apenas uma exceção para pessoas que fazem mais de 60 minutos de exercício físico por dia. Para elas, mesmo que fiquem mais de 8 horas por dia sentadas, o risco de mortalidade não aumenta.
A dica que deixamos é: tente parar a cada 30 minutos e ficar em pé por mais 30 minutos. Dessa forma, você combate o comportamento sedentário e ganha em qualidade de vida.