O magnésio é um mineral essencial para diversas funções biológicas, incluindo a produção de energia, a síntese de proteínas, a regulação da função muscular e nervosa, além de participar da transmissão de impulsos elétricos. No interior das células, as mitocôndrias, responsáveis pela geração de energia, são as maiores reservas de magnésio.
Durante a gestação, as demandas nutricionais da mulher aumentam significativamente, e a deficiência de magnésio pode trazer consequências graves tanto para a mãe quanto para o desenvolvimento do bebê. Este artigo, baseado em estudos recentes como “The Role of Magnesium in Pregnancy and in Fetal Programming of Adult Diseases” (PMC, NIH), explora os riscos da deficiência de magnésio na gravidez e as melhores estratégias de prevenção.
Artigo: The Role of Magnesium in Pregnancy and in Fetal Programming of Adult Diseases – PMC
Deficiência de Magnésio na Dieta Moderna: Uma Realidade Alarmant
A dieta ocidental moderna, altamente processada, tem levado a uma redução significativa da ingestão de magnésio pela população. Estudos realizados na Europa e nos Estados Unidos mostram que a maioria das pessoas não atinge a ingestão diária recomendada de magnésio.
Isso ocorre, principalmente, devido ao processamento dos alimentos, grãos refinados, oleaginosas e açúcares passam por etapas que eliminam grande parte do magnésio naturalmente presente nesses alimentos. Como resultado, muitas pessoas vivem em um estado de deficiência crônica desse mineral, muitas vezes sem saber.
Por Que as Mulheres Grávidas Precisam de Mais Magnésio?
As necessidades de magnésio aumentam consideravelmente na gestação devido às adaptações fisiológicas do corpo da mulher e ao desenvolvimento do feto. Estudos apontam que cerca de 20% das mulheres apresentam ingestão insuficiente de magnésio, e esse número pode ser ainda maior durante a gravidez.
Essa deficiência pode impactar diretamente a saúde materna e fetal, contribuindo para complicações que vão desde alterações metabólicas até problemas no desenvolvimento intrauterino.
Complicações da Deficiência de Magnésio na Gravidez
1. Crescimento Fetal Restrito e Restrição de Crescimento Intrauterino (RCIU)
O magnésio é essencial para o desenvolvimento adequado das células e dos tecidos fetais. Níveis insuficientes estão associados a:
- Crescimento fetal abaixo do esperado
- Baixo peso ao nascer
- Maior risco de doenças na vida adulta, como hipertensão e diabetes
2. Diabetes Gestacional
A deficiência de magnésio altera a sensibilidade à insulina e o metabolismo da glicose, aumentando o risco de desenvolvimento de diabetes gestacional. Esta condição, além de trazer riscos para a mãe, também está relacionada a complicações no parto e maior predisposição da criança ao diabetes tipo 2 no futuro.
3. Pré-eclâmpsia e Hipertensão Gestacional
A pré-eclâmpsia é uma complicação grave, caracterizada por pressão arterial elevada e sinais de dano a órgãos, como fígado e rins. O magnésio tem um papel importante na regulação da pressão arterial e na função endotelial. Sua deficiência contribui para:
- Aumento da pressão arterial
- Maior risco de pré-eclâmpsia
- Complicações maternas e neonatais
4. Trabalho de Parto Prematuro
O magnésio atua na regulação da excitabilidade neuromuscular, incluindo a musculatura uterina. A deficiência pode provocar:
- Contrações uterinas prematuras
- Maior risco de parto antes das 37 semanas
- Complicações associadas à prematuridade neonatal
Quais São os Sintomas da Deficiência de Magnésio na Gravidez?
Apesar de muitas vezes ser silenciosa, a deficiência de magnésio pode se manifestar com sintomas como:
- Cãibras musculares frequentes
- Fadiga excessiva
- Irritabilidade
- Alterações no sono
- Arritmias cardíacas
- Aumento da pressão arterial
Se esses sintomas estiverem presentes, é essencial discutir com o obstetra a possibilidade de avaliação dos níveis de magnésio.
Fontes Alimentares Ricas em Magnésio
Uma alimentação balanceada é fundamental para garantir os níveis adequados de magnésio durante a gestação. As principais fontes alimentares incluem:
- Folhas verdes escuras: espinafre, couve, agrião
- Leguminosas: feijão, lentilha, grão-de-bico
- Oleaginosas: amêndoas, castanha-do-pará, nozes
- Sementes: chia, linhaça, abóbora
- Grãos integrais: arroz integral, aveia, quinoa
- Frutas: banana, abacate
Além disso, a água mineral também pode ser uma fonte significativa de magnésio, dependendo da composição.
Suplementação de Magnésio na Gravidez: Quando é Necessário?
Quando a alimentação não é suficiente para atender às necessidades diárias, a suplementação de magnésio pode ser indicada. Ela deve sempre ser prescrita e acompanhada por um profissional de saúde, especialmente durante a gravidez.
O uso de suplementos pode ser fundamental para:
- Mulheres com histórico de pré-eclâmpsia
- Gestantes com risco de parto prematuro
- Presença de diabetes gestacional
- Sintomas compatíveis com deficiência de magnésio
Existem diferentes tipos de suplementos de magnésio, como citrato, glicinato, cloreto e óxido de magnésio. A escolha depende da biodisponibilidade, tolerância gastrointestinal e indicação clínica.
Monitoramento dos Níveis de Magnésio na Gravidez
Embora o magnésio sérico não reflita completamente os estoques intracelulares, seu monitoramento pode ser útil em casos de risco elevado. Além disso, a avaliação dos sinais clínicos e da dieta da gestante ajuda na tomada de decisão quanto à necessidade de suplementação.
Conclusão: A Importância do Magnésio na Gravidez Saudável
A deficiência de magnésio é um problema de saúde pública que afeta grande parte da população, especialmente mulheres grávidas. Seus impactos podem ser severos, desde complicações gestacionais até consequências para a saúde do bebê a longo prazo.
Garantir uma ingestão adequada de magnésio, seja por meio da alimentação ou da suplementação, é uma estratégia eficaz e segura para promover uma gestação saudável e reduzir riscos como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e parto prematuro.
O acompanhamento nutricional durante a gestação, aliado ao monitoramento médico, é essencial para assegurar a saúde de mãe e bebê.
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