A prática de exercícios físicos é amplamente reconhecida como essencial para a saúde geral e prevenção de doenças. Contudo, o exercício resistido tem ganhado destaque nos últimos anos, especialmente em relação ao manejo de pacientes com doenças cardiovasculares. Em 2023, a American Heart Association (AHA) publicou um novo consenso que reforça a segurança e a eficácia desse tipo de atividade para pacientes com acometimentos cardiovasculares. Este artigo explora as principais orientações e benefícios do treinamento de resistência para esse público.
O Papel do Exercício Resistido na Saúde Cardiovascular
O documento da AHA destaca que o treinamento resistido não se limita a melhorar a força muscular e a manutenção da massa magra. Ele também possui efeitos fisiológicos e clínicos significativos, particularmente em indivíduos com condições cardiovasculares. Entre esses benefícios estão:
- Melhora do condicionamento físico geral.
- Redução dos fatores de risco cardiovasculares.
- Prevenção e manejo de doenças metabólicas e osteomusculares.
O treinamento resistido é considerado uma abordagem segura para adultos saudáveis e para aqueles com condições cardiovasculares, especialmente quando acompanhado de orientações profissionais adequadas.
Treinamento Resistido x Treinamento Aeróbico: Qual Escolher?
A AHA enfatiza que o treinamento resistido pode ser praticado isoladamente ou combinado com exercícios aeróbicos, sendo que ambos têm impactos positivos nos fatores de risco cardiovascular. Entretanto, há algumas diferenças importantes entre os dois tipos de exercício:
- Treinamento aeróbico: Ideal para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, reduzir a pressão arterial e melhorar o perfil lipídico.
- Treinamento resistido: Mais eficaz na preservação e aumento da massa muscular, melhora da força funcional e manutenção da densidade óssea.
Quando realizados em conjunto, esses dois tipos de treinamento oferecem benefícios sinérgicos que podem otimizar a saúde cardiovascular e geral dos pacientes.
Estratégias Práticas para a Prescrição de Exercícios Resistidos
Um ponto central no consenso da AHA é a necessidade de os médicos estarem aptos a orientar e prescrever o treinamento resistido de forma segura e eficaz. Algumas recomendações incluem:
- Avaliação inicial completa:
Antes de iniciar qualquer programa de exercício, é essencial realizar uma avaliação médica detalhada, incluindo testes de capacidade funcional e análise do histórico cardiovascular do paciente. - Definição de metas personalizadas:
As metas do treinamento devem considerar as condições clínicas do paciente, como hipertensão, insuficiência cardíaca ou diabetes, bem como seus objetivos individuais. - Escolha dos exercícios adequados:
É recomendado priorizar exercícios que trabalhem grandes grupos musculares, como agachamentos, supino e remada, utilizando equipamentos seguros ou pesos livres. - Planejamento da intensidade:
Iniciar com cargas leves (40–50% de 1RM – repetição máxima) e aumentar gradualmente à medida que o paciente ganha confiança e condicionamento. - Orientação sobre frequência e duração:
Realizar sessões de 2 a 3 vezes por semana, com intervalos de descanso adequados entre os treinos, é considerado seguro e eficaz para a maioria dos pacientes. - Monitoramento contínuo:
O acompanhamento médico regular é indispensável para ajustar o programa de treinamento e garantir que ele esteja alinhado às necessidades e limitações do paciente.
Benefícios Comprovados do Exercício Resistido
As evidências científicas apontadas no consenso da AHA destacam uma ampla gama de benefícios associados ao treinamento resistido para pacientes com doenças cardiovasculares, incluindo:
- Melhora do perfil glicêmico e lipídico:
O treinamento resistido auxilia na redução dos níveis de glicose e triglicerídeos, além de aumentar o HDL-colesterol (“colesterol bom”), contribuindo para a proteção cardiovascular. - Controle do peso corporal:
A prática regular ajuda na perda de gordura e na manutenção da massa muscular, promovendo um metabolismo mais eficiente. - Prevenção de doenças osteometabólicas:
Mulheres na menopausa, em particular, se beneficiam da preservação da densidade óssea e da redução do risco de osteoporose. - Redução do risco de complicações cardiovasculares:
O treinamento resistido melhora a função endotelial e reduz a inflamação sistêmica, dois fatores cruciais na prevenção de eventos cardiovasculares.
A Importância da Adesão ao Programa de Treinamento
Um desafio frequente na implementação do treinamento resistido é garantir a adesão dos pacientes. Para superar essa barreira, a AHA sugere estratégias práticas, como:
- Educação do paciente: Explicar os benefícios do exercício resistido de maneira clara e acessível.
- Início gradual: Introduzir o programa de forma progressiva para evitar desconforto ou lesões que possam desmotivar o paciente.
- Acompanhamento profissional: Envolver fisioterapeutas ou educadores físicos especializados para auxiliar na execução dos exercícios e na motivação do paciente.
- Incorporação à rotina: Ajudar o paciente a integrar o treinamento resistido em sua vida diária, aumentando a probabilidade de continuidade.
Conclusão: Exercício Resistido Como Ferramenta Terapêutica
O treinamento resistido é uma ferramenta poderosa no manejo de pacientes com doenças cardiovasculares. Quando bem orientado, ele não apenas melhora a força muscular e a composição corporal, mas também reduz os fatores de risco cardiovasculares e promove uma melhor qualidade de vida.
A mensagem central do consenso da AHA é clara: os profissionais de saúde devem se capacitar para prescrever e orientar o treinamento resistido de forma segura e personalizada, garantindo que os pacientes possam aproveitar todos os benefícios dessa prática. Dessa forma, o exercício resistido pode desempenhar um papel essencial na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares, ajudando a transformar vidas e reduzir complicações associadas.
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