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Diferenças na Perda de Peso entre Homens e Mulheres: Impactos Metabólicos e Clínicos

A perda de peso é um tema amplamente discutido na medicina e na nutrição, sendo foco de diversas intervenções clínicas. No entanto, poucos estudos se dedicam a explorar as diferenças entre homens e mulheres no que diz respeito à perda de peso e seus impactos metabólicos. Um estudo publicado em 2018 trouxe dados reveladores sobre como esses dois gêneros respondem de maneira distinta a uma dieta de baixa ingestão energética. Este artigo explora esses achados e suas implicações clínicas.

Artigo: Men and women respond differently to rapid weight loss: Metabolic outcomes of a multi‐centre intervention study after a low‐energy diet in 2500 overweight, individuals with pre‐diabetes (PREVIEW) – PMC (nih.gov)

Perda de Peso: Diferenças entre Homens e Mulheres

O estudo de 2018 revelou que, após uma intervenção dietética de 8 semanas com baixa ingestão de energia, os participantes perderam uma média de 11% do peso corporal e apresentaram melhoras significativas na resistência à insulina. No entanto, ao analisar os resultados por gênero, ficou evidente que os homens perderam significativamente mais peso corporal do que as mulheres.

Essa diferença na perda de peso não foi observada apenas nos números da balança, mas também em parâmetros metabólicos. Homens mostraram uma maior redução no escore Z da síndrome metabólica, no peptídeo C, na massa gordurosa e na frequência cardíaca, em comparação com as mulheres. Essas diferenças se mantiveram mesmo após ajustes para diferenças na perda de peso entre os gêneros, o que sugere que os homens possuem uma capacidade superior de responder a intervenções dietéticas em termos de perda de gordura e melhora metabólica.

Metabolismo e Mobilização de Gordura: O que Explica as Diferenças?

Estudos anteriores já haviam sugerido que os homens tendem a mobilizar mais gordura intra-abdominal durante a perda de peso em comparação com as mulheres, o que pode explicar a maior melhora no perfil metabólico masculino. A gordura intra-abdominal está diretamente associada a um risco aumentado de doenças cardiovasculares e resistência à insulina, e sua redução tem um impacto positivo na saúde metabólica.

Em contrapartida, as mulheres tendem a perder mais gordura subcutânea, que, apesar de contribuir para a perda de peso total, não traz os mesmos benefícios metabólicos que a gordura intra-abdominal. Isso pode explicar por que, apesar de perderem menos peso corporal total, os homens apresentaram melhoras mais expressivas em parâmetros como resistência à insulina e frequência cardíaca.

Impacto da Perda de Massa Magra: Mulheres São Mais Afetadas

Outro dado impressionante encontrado no estudo foi a perda de massa magra. As mulheres perderam aproximadamente o dobro de massa magra em relação aos homens (31,4% vs 16,1%). Esse dado é particularmente interessante, pois, apesar de os homens terem um déficit calórico maior durante a intervenção, a perda de massa muscular foi muito mais acentuada nas mulheres.

A perda de massa magra durante a perda de peso é uma preocupação clínica importante, uma vez que a massa muscular desempenha um papel crucial no metabolismo basal e na manutenção de um peso saudável a longo prazo. A redução acentuada de massa magra pode dificultar a manutenção do peso perdido, além de aumentar o risco de fraqueza muscular e outros problemas de saúde relacionados.

Diferenças na Distribuição de Gordura entre Homens e Mulheres

Outro ponto relevante destacado pelo estudo é a diferença na distribuição de gordura entre os gêneros. Enquanto os homens tendem a acumular mais gordura na região intra-abdominal, as mulheres possuem uma maior proporção de gordura subcutânea. Essa diferença na distribuição de gordura tem implicações importantes tanto para a saúde geral quanto para a resposta a intervenções de perda de peso.

A gordura intra-abdominal está mais fortemente associada a problemas metabólicos, como a resistência à insulina e a inflamação crônica. Portanto, a capacidade dos homens de mobilizar essa gordura de forma mais eficiente durante a perda de peso pode explicar suas melhoras mais pronunciadas no perfil de risco metabólico. Em contrapartida, a perda predominante de gordura subcutânea nas mulheres, embora benéfica do ponto de vista estético, não traz os mesmos benefícios metabólicos.

Homens e Mulheres respondem diferentemente a rápida perda de peso.
Homens e Mulheres respondem diferentemente a rápida perda de peso.

Implicações Clínicas: Estratégias Diferenciadas para Homens e Mulheres

Esses achados são de extrema importância para a prática clínica, pois indicam que homens e mulheres podem se beneficiar de abordagens personalizadas para a perda de peso. O fato de os homens mobilizarem mais gordura intra-abdominal e apresentarem uma resposta metabólica mais favorável a dietas de baixa ingestão calórica sugere que as intervenções para esse grupo podem focar em maximizar essa perda de gordura visceral.

Por outro lado, a perda mais acentuada de massa magra nas mulheres aponta para a necessidade de estratégias que protejam a musculatura durante a perda de peso. Isso pode incluir a combinação de dietas hipocalóricas com exercícios de resistência ou a suplementação com proteínas para minimizar a perda de massa muscular.

Além disso, o estudo destaca a importância de considerar as diferenças de gênero ao avaliar os resultados de intervenções de perda de peso. Homens e mulheres respondem de forma distinta a déficits energéticos, e essas diferenças devem ser levadas em conta tanto na pesquisa quanto na prática clínica.

Conclusão: Considerações para a Medicina e Nutrição

O estudo de 2018 lança luz sobre as diferenças intrínsecas entre homens e mulheres em termos de perda de peso e adaptações metabólicas. As descobertas sugerem que os homens têm uma capacidade maior de mobilizar gordura intra-abdominal e apresentam melhorias mais expressivas nos parâmetros metabólicos, enquanto as mulheres tendem a perder mais massa magra e gordura subcutânea. Essas diferenças devem ser levadas em consideração ao planejar intervenções de perda de peso, destacando a importância de abordagens personalizadas para maximizar os benefícios clínicos e minimizar os riscos associados à perda de peso, especialmente em termos de preservação da massa magra.

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