O uso do canabidiol, subproduto da maconha, para fins terapêuticos vem cada vez mais sendo estudado e debatido, gerando curiosidade no público. Afinal, para que ele pode ser usado? Será que também pode ser indicado para o combate à obesidade?
Contextualizando o canabidiol
O sucesso do canabidiol no mercado americano pode ser comprovado em números: de 2017 para 2018, a venda de produtos com canabidiol aumentou três vezes nos Estados Unidos, sendo avaliado em US$ 52 milhões.
Até o momento, porém, o único estudo e a única medicação aprovada para uso do canabidiol – pelo FDA, órgão do governo americano que regula o setor – é para o tratamento de epilepsia. Mas isso não freou o consumo de produtos com canabidiol.
Aqui é importante ressaltarmos que quando falamos de canabidiol não estamos falando de maconha. A maconha é feita a partir da planta cannabis sativa, mas tem vários componentes. Entre eles, dois se destacam: o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBD (canabidiol).
Canabidiol e a regulação da fome
O THC está presente no cigarro de maconha e é o responsável pelo aumento da fome após fumar. Ao perceberem esse efeito, os pesquisadores foram estudar por que isso acontecia. Vocês sabem?
Durante a investigação, foi descoberto o sistema endocanabinóide. Ou seja, um sistema que é estimulado fisiologicamente pelo nosso organismo, mas principalmente pelo THC, que aumenta a fome através do receptor CB-1, muito presente no sistema nervoso central e no tecido adiposo. Os pesquisadores, então, tentaram criar uma medicação que bloqueasse o CB-1. Ela foi produzida e vendida no mundo todo, inclusive no Brasil, em 2006, com o nome de Rimonabanto.
E o resultado? Realmente o medicamento diminuía a fome. Mas, além disso, houve relatos de aumento da depressão e da ansiedade. Essa medicação foi então proibida em todo o mundo.
Hoje em dia pararam de estudar produtos de canabidiol? A resposta é não! Atualmente os pesquisadores estudam o CBD, canabidiol, porque ele também tem efeito sobre o CB-1. O CBD não consegue bloquear totalmente esse receptor CB-1, mas faz com que ele atue de uma forma mais lenta, desestimulando-o.
O que acabamos de ver nesse capítulo:
- O CBD tem sido muito utilizado no mundo, principalmente nos EUA;
- CBD não é maconha;
- Mas, até o momento, o único medicamento liberado para uso com CBD é para o tratamento de epilepsia.
Para encerrar, deixamos um alerta: pensar em CBD para o tratamento da obesidade não é uma realidade! Quando se bloqueou totalmente o receptor CB-1, apesar de emagrecer, os pacientes relataram aumento da depressão e da ansiedade.
É preciso muita calma antes de confiar em qualquer resultado que encontre na internet sobre o tema. E lembramos sempre que, antes de iniciar qualquer tratamento, é preciso tirar suas dúvidas com um profissional de saúde de confiança.