Estima-se que entre 30 a 40% dos cânceres podem ser prevenidos através de mudanças no estilo de vida e fatores de risco ambientais. Esses fatores modificáveis incluem a adoção de hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada, a redução do consumo de álcool, não fumar e, principalmente, a prática regular de atividade física.
Atividade Física e a Redução do Risco de Câncer
Evidências científicas robustas indicam que níveis mais altos de atividade física estão associados à redução do risco de seis tipos específicos de câncer: bexiga, mama, cólon, endométrio, adenocarcinoma esofágico e cárdia gástrica. Além disso, há evidências moderadas que sugerem uma correlação inversa entre a atividade física e os cânceres de pulmão, ovário, pâncreas e rim, enquanto as evidências limitadas apontam para uma possível redução no risco de câncer de próstata.
O Impacto do Comportamento Sedentário no Câncer
Contrapondo-se aos benefícios da atividade física, o comportamento sedentário, independente da prática de exercícios, tem demonstrado aumentar o risco de cânceres de cólon, endométrio e pulmão. Esse comportamento é caracterizado por longos períodos sentados ou deitado, e a sua redução é crucial para a prevenção do câncer.
Mecanismos Biológicos: Como a Atividade Física Influencia a Incidência de Câncer
Os principais mecanismos biológicos que explicam a relação entre atividade física, comportamento sedentário e incidência de câncer incluem:
- Efeitos sobre esteróides sexuais endógenos e hormônios metabólicos: A atividade física ajuda a regular hormônios que estão associados ao desenvolvimento de certos tipos de câncer.
- Sensibilidade à insulina: A atividade física melhora a sensibilidade à insulina, reduzindo os níveis de insulina no sangue, o que pode diminuir o risco de câncer.
- Inflamação crônica: A prática regular de exercícios reduz os níveis de inflamação no corpo, um fator que está associado ao desenvolvimento de cânceres.
Vias Emergentes: Novos Horizontes na Prevenção do Câncer
Estudos recentes têm explorado novas vias emergentes que podem explicar a relação entre atividade física e a redução do risco de câncer:
- Estresse oxidativo: A atividade física pode reduzir o estresse oxidativo, um processo que danifica as células e pode levar ao desenvolvimento de câncer.
- Metilação do DNA: A prática de exercícios pode influenciar a metilação do DNA, um mecanismo epigenético que pode regular a expressão gênica e afetar o risco de câncer.
- Comprimento dos telômeros: A atividade física pode ajudar a manter o comprimento dos telômeros, estruturas que protegem as extremidades dos cromossomos e cuja redução está associada ao envelhecimento celular e ao câncer.
- Função imunológica: O exercício pode melhorar a função imunológica, ajudando o corpo a combater células cancerígenas.
- Microbioma intestinal: A atividade física pode influenciar positivamente o microbioma intestinal, que desempenha um papel importante na saúde geral e no risco de câncer.
Evidências Epidemiológicas: Estudos e Resultados
Até o momento, mais de 500 estudos epidemiológicos observacionais examinaram a associação entre atividade física e incidência de câncer. Esses estudos têm demonstrado de forma consistente que a atividade física reduz o risco de vários tipos de câncer. A magnitude do risco reduzido varia entre 10 a 25% para a maioria dos cânceres.
A Relação Dose-Resposta
Uma relação dose-resposta entre níveis crescentes de atividade física e a redução do risco de câncer é evidente para diversos tipos de câncer. Isso significa que quanto maior o nível de atividade física, menor o risco de desenvolver certos tipos de câncer. No entanto, ainda são necessárias mais pesquisas para refinar os métodos de medição e categorização dos níveis de atividade física em estudos epidemiológicos.
Conclusão: A Importância da Atividade Física na Prevenção do Câncer
Em resumo, a atividade física desempenha um papel crucial na prevenção de diversos tipos de câncer. Compreender e adotar hábitos de vida saudáveis, incluindo a prática regular de exercícios, pode significativamente reduzir o risco de câncer e promover a saúde geral. A pesquisa contínua nessa área é vital para refinar nossas estratégias de prevenção e fornecer recomendações mais precisas e eficazes.
Ao incorporarmos esses conhecimentos em nossa rotina diária, podemos dar um passo importante na luta contra o câncer e melhorar a qualidade de vida.
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