O ácido hialurônico (AH) tem ganhado destaque na área da medicina estética e dermatologia devido aos seus potenciais benefícios para a saúde da pele. Estudos demonstram consistentemente que o principal efeito esperado do ácido hialurônico é a hidratação da pele, independentemente da dose ingerida, variando de 240 a 100 mg por dia. No entanto, é essencial entender os mecanismos de ação do AH e os possíveis riscos associados ao seu uso, especialmente em pacientes com histórico de câncer.
Os Riscos da Aplicação de Ácido Hialurônico
Embora o ácido hialurônico seja amplamente considerado seguro para uso dermatológico, há alguns riscos e considerações importantes a serem levados em conta. Seu mecanismo de ação envolve a indução da proliferação de fibroblastos e queratinócitos, além de estimular a produção endógena de ácido hialurônico a partir dos fibroblastos humanos. Essa interação com células do organismo é mediada por receptores específicos, sendo o principal deles o receptor CD44.
O receptor CD44 desempenha um papel crucial na adesão celular e na interação com componentes da matriz extracelular e células endoteliais vasculares. No entanto, o CD44 também está regulado positivamente em processos tumorais proliferativos, como câncer de ovário, pâncreas, colo, leucemias agudas, melanoma e alguns carcinomas de mama. A ligação entre o ácido hialurônico e o receptor CD44 pode desencadear a proliferação celular e exercer um efeito antiapoptótico, características que são preocupantes em um contexto de câncer.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia emitiu um parecer técnico sobre o uso de ácido hialurônico em pacientes com histórico de câncer, especialmente após a publicação de um artigo que associava a ingestão de AH ao adenocarcinoma de pâncreas. Embora o ácido hialurônico não seja considerado um agente carcinogênico por si só, ele pode colaborar com a progressão de certos tipos de câncer que expressam o receptor CD44. Portanto, a recomendação é exercer cautela ao prescrever AH oral por longos períodos em pacientes com histórico de câncer.
Quem tem Câncer Pode Usar Ácido Hialurônico?
Uma das principais preocupações é se os pacientes com câncer podem ou não fazer uso de ácido hialurônico. Embora não existam evidências diretas de que o AH cause tumores, sua capacidade de interagir com receptores celulares específicos pode potencialmente contribuir para a proliferação tumoral em certos casos. Portanto, é recomendável que pacientes com histórico de câncer consultem um médico antes de iniciar qualquer tratamento com ácido hialurônico, seja oral ou tópico.
É importante ressaltar que cada caso é único e deve ser avaliado individualmente por um profissional de saúde qualificado. Em alguns casos, o uso de ácido hialurônico pode ser considerado seguro, desde que os riscos sejam cuidadosamente ponderados e monitorados ao longo do tempo. No entanto, em casos de câncer em atividade ou tratamento recente, pode ser mais prudente evitar o uso de ácido hialurônico, a fim de minimizar qualquer potencial risco de interferência com o tratamento ou progressão da doença.
Conclusão
Embora o ácido hialurônico ofereça diversos benefícios para a saúde da pele, é essencial compreender os riscos associados ao seu uso, especialmente em pacientes com histórico de câncer. A recomendação é exercer cautela ao prescrever ácido hialurônico oral por longos períodos em pacientes com essa condição, considerando os potenciais riscos e benefícios individuais. Como sempre, é fundamental que os pacientes consultem um médico para obter orientações específicas e personalizadas antes de iniciar qualquer tratamento com ácido hialurônico.
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