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Endocanabinoides, Déficit de Sono e Obesidade

A privação do sono é uma realidade com a qual muitos profissionais de saúde estão familiarizados, seja através de plantões noturnos ou simplesmente por trabalharem em turnos irregulares. Uma observação comum é a mudança nos hábitos alimentares durante esses períodos, com uma tendência a desejar alimentos mais palatáveis e muitas vezes menos saudáveis. Essa resposta fisiopatológica, aparentemente paradoxal, pode ser atribuída, em parte, à produção de endocanabinoides pelo nosso organismo, em particular o 2-aracdonoilglicerol, também conhecido como 2-AG. Portanto, esse texto busca relacionar endocanabinoides, déficit de sono e obesidade.

Endocanabinoides X Obesidade

Os endocanabinoides são compostos químicos produzidos naturalmente pelo corpo humano e desempenham um papel crucial em diversas funções fisiológicas, incluindo a regulação do apetite. Durante a privação do sono, a produção de 2AG aumenta, levando a uma maior vontade de consumir alimentos diferentes, especialmente aqueles que são mais palatáveis e geralmente ricos em gordura e carboidratos.

É interessante notar que a ação do 2-AG durante a privação do sono pode ser comparada à do tetrahidrocanabinol (THC), o principal composto psicoativo da maconha. Ao fumar maconha, muitas pessoas experimentam um aumento no apetite, fenômeno comumente conhecido como “larica”. Essa semelhança sugere que os efeitos da privação do sono na regulação do apetite podem ser mediados por mecanismos semelhantes aos da exposição ao THC.

Déficit de Sono X Hormônios Reguladores do Apetite

Além do aumento do apetite por alimentos mais palatáveis, a privação do sono também pode contribuir para o aumento do tecido adiposo. Isso ocorre em parte devido à maior ingestão de calorias durante os períodos de privação do sono, mas também pode estar relacionado a alterações nos hormônios reguladores do apetite, como a leptina e a grelina.

A leptina é um hormônio produzido pelas células adiposas que desempenha um papel fundamental na regulação do peso corporal e do metabolismo energético. Níveis reduzidos de leptina, como os observados durante a privação do sono, podem levar a um aumento do apetite e à redução do gasto energético, contribuindo assim para o ganho de peso.

Por outro lado, a grelina é conhecida como o “hormônio da fome”, pois estimula o apetite e aumenta a ingestão de alimentos. Durante a privação do sono, os níveis de grelina tendem a aumentar, o que pode levar a uma maior ingestão de calorias e ao acúmulo de gordura corporal.

Além desses mecanismos hormonais, a privação do sono também pode afetar a regulação do apetite por meio de alterações no sistema nervoso central. Estudos têm demonstrado que a privação do sono está associada a uma maior ativação de áreas do cérebro envolvidas na motivação e na recompensa, o que pode aumentar a busca por alimentos prazerosos.

A ação do 2-AG durante a privação do sono pode ser comparada à do tetrahidrocanabinol (THC)
A ação do 2-AG durante a privação do sono pode ser comparada à do tetrahidrocanabinol (THC)

Conclusões: Endocanabinoides, Déficit de Sono e Obesidade

Diante dessas evidências, é importante reconhecer a importância de uma boa qualidade de sono na manutenção de hábitos alimentares saudáveis e na prevenção do ganho de peso. Para os profissionais de saúde que frequentemente lidam com a privação do sono, é fundamental buscar estratégias para promover um sono adequado, tanto para si mesmos quanto para seus pacientes.

Isso pode incluir a adoção de práticas de higiene do sono, como manter um horário regular de sono, criar um ambiente propício para dormir e evitar o consumo de substâncias estimulantes, como cafeína e nicotina, antes de dormir. Além disso, é importante educar os pacientes sobre os potenciais impactos da privação do sono na regulação do apetite e incentivá-los a priorizar o sono adequado como parte de um estilo de vida saudável.

Em resumo, a privação do sono pode ter efeitos significativos na regulação do apetite, levando a mudanças nos hábitos alimentares e ao aumento do risco de ganho de peso. Compreender os mecanismos fisiopatológicos subjacentes a esses efeitos é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e intervenção. Priorizar o sono adequado deve ser uma parte essencial do cuidado com a saúde, tanto para profissionais de saúde quanto para seus pacientes.

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